Distância Crítica
As pessoas não se deviam queixar de Portugal ser um país periférico. Há tanto empenho e tanta dedicação em mantê-lo assim que nos devíamos orgulhar disso.
Um dos processos mais importantes da formação e manutenção da nossa periferia é o raio de acção da nossa crítica: nunca pode ser menos de trezentos quilómetros. Se alguém aponta publicamente — sem ser num café, num restaurante ou num corredor — algum defeito à produção dos "designers conhecidos da nossa praça", cujo trabalho atingiu (sabe-se lá como) uma "qualidade indiscutível", alguém lhe sussurra logo ao ouvido o tradicional "As coisas são assim…" ou o encorajador "Se não te calas, ainda te fodem…"
Dá logo vontade de entrar para um programa de protecção de testemunhas.
Um dos processos mais importantes da formação e manutenção da nossa periferia é o raio de acção da nossa crítica: nunca pode ser menos de trezentos quilómetros. Se alguém aponta publicamente — sem ser num café, num restaurante ou num corredor — algum defeito à produção dos "designers conhecidos da nossa praça", cujo trabalho atingiu (sabe-se lá como) uma "qualidade indiscutível", alguém lhe sussurra logo ao ouvido o tradicional "As coisas são assim…" ou o encorajador "Se não te calas, ainda te fodem…"
Dá logo vontade de entrar para um programa de protecção de testemunhas.
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