quarta-feira, novembro 02, 2005

A Resistência à Teoria

O ponto de vista tradicional e aceite afirma que a crítica e a teoria do design gráfico se devem centrar sobre a personagem heróica do designer ou sobre a entidade colectiva do atelier. Se tomarmos estas duas figuras e as suas variações como pontos assentes, sujeitos a pequenas variações pontuais mas essencialmente estáveis, este texto podia parar aqui. No entanto, é minha convicção que estas figuras não são nem tão estáveis nem tão centrais como poderia parecer, sobretudo se levarmos em conta as ambições mais alargadas da própria disciplina.

O que se segue é uma enumeração não exaustiva de dúvidas e argumentos sobre a prática profissional do designer como origem e objecto da actividade teórica da disciplina.

Uma das maneiras tradicionais de distinguir o designer do resto do mundo é a legitimidade legal. Um diploma, obtido numa escola de Design, autorizaria a prática da disciplina. Por uma série de razões, isto ainda não acontece. Uma delas é a falta de confiança dos próprios designers nas instituições que os formaram ("Na escola não se aprende nada de útil", "A trabalhar é que se aprende" e outras coisas do género).

Se a formação é um dos poucos momentos em que o designer é obrigado a reflectir teoricamente sobre a sua disciplina, vemos que a legitimidade legal fica necessariamente apoiada num esquema teórico de formação (parto do princípio que num ambiente escolar até a prática fica encaixada numa superestrutura teórica). Infelizmente, muita gente (docentes incluídos) vê a teoria como uma espécie de estorvo que devia ser eliminado porque baixa as médias ou complica as aulas.

Uma outra maneira de distinguir os Designers dos não-Designers seria através do tipo de trabalhos em que se especializam. Ou seja, a função do designer seria trabalhar para certo tipo de clientes, ou com certo tipo de temas. O caso mais comum é o Designer ser responsável pela porção visual do discurso corporativo e publicitário.

Mas esta definição esbarra com os ideais universalistas que o design assumiu durante o Modernismo e que ainda quer manter. Em termos práticos, esta conotação "temática" faz o designer perder legitimidade para fazer trabalhos com preocupações "sérias" ou "críticas". Para a maioria das pessoas, a possibilidade de um Designer optimizar boletins de voto ou notas de banco não é entendida nem à primeira, nem pacificamente.

Pode-se sempre argumentar que o Designer possui conhecimentos técnicos muito específicos aprendidos na escola (ou na prática) que lhe permitem executar tarefas que mais ninguém consegue fazer. No entanto, muitos designers sentir-se-iam insultados se a sua profissão se baseasse numa mera gestão de recursos tecnológicos – mesmo sem levar em conta que muitos desses recursos são do domínio público.

O efeito de tentar definir a prática do design em moldes legais, temáticos ou tecnológicos faz com que se assuma que existe um designer padrão, definido a priori, em relação ao qual todos os desvios possíveis são considerados ilegítimos e indesejáveis. Este tipo de discurso legitima efectivamente certas relações de poder entre os praticantes da actividade, ajudando a hierarquizar uma diversidade cada vez mais alargada de profissionais – podendo mesmo excluir algumas variantes menos ortodoxas.

A verdade é que, embora tenham uma base formativa comum, os Designers assumem no "mundo real" tarefas muito variadas e mesmo contraditórias em relação à sua formação de base. Actualmente, existem encarnações do designer como VJ, DJ, compositor, performer multimédia, programador, etc, que embora sejam encaradas como distorções pontuais são demasiado comuns e regulares para serem ignoradas.

Mesmo no ambiente mais tradicional do estúdio ou da agência, pode haver designers directores de arte, web-designers, designers que fazem o briefing de outros designers, designers que falam com o cliente, designers que acompanham o trabalho em gráfica e por aí fora. Essencialmente, estas estruturas laborais põem em causa muito do discurso formativo do Design; como é que se "educa o cliente", se o cliente acaba por ser também um Designer?

E por falar em "educar", estamos a esquecer-nos dos Designers professores —neste caso, "educar o cliente" não é tão discutível como isso. É comum assumir-se que só um designer praticante pode leccionar design; um professor de Design dizer que é teórico não-praticante é uma afirmação polémica (não estou a dizer "teórico que não pratica teoria" — bastante comum — mas "designer que só se dedica à teoria"). Por experiência própria, a teoria (em termos lectivos) exige muito mais preparação do que a prática. Talvez até peça competências e responsabilidades distintas da simples prática profissional.

Na grande maioria das escolas, o sistema usado nas aulas práticas é uma simulação do trabalho de atelier. Infelizmente, este modelo depende de uma verosimilhança e de recursos tecnológicos actualizados que são muito difíceis de obter e manter. O próprio calendário de um trabalho "real" articula-se mal com os prazos e calendários académicos; nos casos mais dramáticos, o trabalho extra-escola do professor (geralmente, os professores praticantes praticam) vem perturbar o ritmo dos projectos, prejudicando gravemente o seu desenvolvimento e viabilidade.

A consequência mais nefasta deste modelo é a secundarização da escola em relação ao mercado de trabalho, obrigando-a a ser uma sombra acrítica que se limita a formar profissionais com habilitações gerais e mínimas. De fora fica toda a gente que quer fazer investigação teórica (ou prática) que não tenha utilidade imediata no tal "mercado de trabalho" – é claro que apurar esta utilidade imediata não é de utilidade imediata, e por aí fora…

Por todas estas situações, parece-me essencial que a actividade teórica ligada ao design alargue as suas ambições para além da justificação da prática profissional do designer e da canonização eventual de alguns dos seus praticantes. Esta postura egocêntrica acaba por deixar de fora muito do que mais interessante (e inquietante) se passa dentro e fora dos limites tradicionais da profissão.

Se o design é tão necessariamente útil e universal, porque deve a sua discussão ser limitada aos seus produtores? Será que é impossível haver teóricos não-praticantes, que sejam simplesmente pessoas interessadas vindas de outras áreas?

A obsessão com a prática pode ter contribuído para excluir os designers da reflexão teórica mais alargada sobre a sua própria profissão. Convém ganharmos consciência que, se a prática de atelier foi o ponto de origem das preocupações teóricas do design, neste momento perdeu muita da sua centralidade.

O objectivo deste, e de outros textos meus, é ilustrar a ideia de que o design ultrapassa os designers. É uma ideia que me parece bastante redentora, cumprindo alguns desejos da própria disciplina durante a sua juventude Modernista e que apoia uma teoria do design que não seja apenas uma metodologia concisa mas estagnada, mas que consiga incluir e problematizar sistematicamente todos os assuntos que irritam e apaixonam e entediam (por que não?) os designers.

28 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O modo operativo do design - a prática -, dentro da lógica do mercado, ganha preponderância na relação com a teoria por razões identificáveis. Sobretudo pela questão da aplicação que do design é feita no dia-a-dia e por simplesmente ser um negócios com tudo o que de bom e mau dai possa advir.
A falta de reflexão a meu ver é uma questão mais alargada que passa as fronteiras do design - é o problema da investigação e da cultura em Portugal.
No entanto, acho que há um factor que não podemos escamotear, que é a falta de um “espaço público” [espaço de informação, opinião e discussão] onde a reflexão possa circular de forma a estimular o pensamento critico, teórico ou prático - porque a reflexão também tem de ser feita sobre e as diferentes combinações práticas da actividade [relação designer/ designer, designer/”cliente”; designer/consumidor; designer/sociedade].
Esse espaço não existe no contexto português, e é fundamental e urgente, que apareça. A legitimidade do design, e consequentemente do designer, conquista-se no “espaço público”. Fala-se cada vez mais em design e pouco se sabe sobre ele, e esse défice é sobretudo um défice interno da disciplina, por estar fechada para o exterior [exceptuando-se o trabalho que a “experimenta” tem feito nos últimos anos].
Desenhar comunicação, informação ou objectos é uma prática do interior para o exterior, e o que nós conseguirmos construir interiormente, institucionalmente, precisa de fazer-se ouvir fora das nossas fronteiras e é para isso também que serve o “espaço público”, para ajudar na institucionalização do design conquistando espaço e estatuto.
A falta deste espaço de discussão ajuda a perpetuar uma indústria arreigada a estruturas e negócios pouco claros e paralelos, bem como uma academia desintegrada, sobretudo tecnicamente, sendo que isso não é só um problema específico do design mas sim de um país destruturado e com pouca vontade de se organizar.

ps: as “estrelas” também fazem falta

5:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A verdade é que, embora tenham uma base formativa comum, os Designers assumem no "mundo real" tarefas muito variadas e mesmo contraditórias em relação à sua formação de base. Actualmente, existem encarnações do designer como VJ, DJ, compositor, performer multimédia, programador, etc, que embora sejam encaradas como distorções pontuais são demasiado comuns e regulares para serem ignoradas.

Era bom que isto se passasse só em Portugal. Nem na área do "profissional que na realidade prefere ser outra coisa" somos originais, ou sequer bons...

Elliot Earls

Aqui está mais um exemplo que estamos "condenados" a seguir: Elliot Earls proeminente designer gráfico e tipógrafo e... músico? Ou será ao contrário?

Há coisas que não podemos tomar como garantidas. Na realidade estes fenómenos resultam da incapacidade de muitos de nós nos lembramos que a nossa profissão vem dos tradicionais impressores e artistas de "lettering". A actual confusão e descontentamento profissional resulta da incapacidade de um grupo de pessoas se definir como profissionais de uma área especifica como o editorial, tipógrafia, identidade... os pricipios de definir uma "Ordem" que estipule campos de acção bem delimitados. Experimentem vocês perguntar a um designer de formação como é que este se define profissionalmente e a resposta irá ser surpreendentemente vaga.

A verdade é que, como nas outras actividades profissionais, o Design em Portugal carece do devido investimento na investigação/experimentação académico. Não porque este espaço não existe no contexto Português (desculpa glaucon, mas contradizes-te) até porque a Experimenta goza de uma exposição fora do vulgar para um acontecimento cultural tão restrito. Mas sim porque as Escolas e Faculdades não fazem nada pelo assunto. Está tudo ocupado a fazer dinheiro (ou na última moda a perder alunos) com mestrados e Pós-Graduações da treta e enquanto isso ninguém cria "laboratórios" onde se possa investigar, criar e criticar (a começar pela cidade do Porto tão pequenina e cheia de maus exemplos - CMP, placas de rua...)

11:11 da tarde  
Blogger joao said...

Na minha opiniao o nosso (portugues) maior problema 'e tamb'em a nossa maior vantagem. Estamos isolados num cantinho da Europa ("ou nos lanssamos a Espanha ou nos fazemos ao mar).
Num meio acad'emico: uma visita de estudo ser'a, com sorte, a Lisboa." Encontro-me de momento a frequentar uma escola holandesa nao me sinto envergonhado com o que por aqui vou apresentando e, por incr'ivel que paressa, muito menos com o que produzo a'i.

As novas gerassoes de designers holandeses tem o 'arduo imposto objectivo de manter o grande n'ivel do Design Holandes. O primeiro livro que alguei na blibioteca tinha como t'itulo "Why is Dutch Design so Good?" (Desenhado pela Irma Boom). E o tema 'e recorrente. Nao fazem melhor que n'os. Tem hist'oria tradissao, dinheiro e trabalham a dobrar. Nao vivem. Nao saiem de casa para se encontrarem com os colegas e dsicutir trabalho. J'a nao vale a pena. Foram mimados e tem tudo feito: teoria e pr'atica. TAcaba por se assemelhar mais a um "processo de gabinete de design bonito."

11:49 da tarde  
Blogger joao said...

Tive de meter mais uma moeda.
Sem d'uvida que sao bons mas tamb'em sao prisioneiros da sua propria riqueza. Lieven Hendrix (artista representado no Art Cologne este ano e no ano passado) 'e meu professor de design, nao sabia quem 'e o Neville Brody at'e eu lhe ter dito. 'E no enanto um dos mais humanos profeesores da escola. Colegas de turma j'a nos disseram que lhes disse que o que fazemos em POrtugal 'e "much more now because they don't have that real design as office technical business." Ensina uma disciplina pr'atica, Graphic Design.
Acredito que a teoria levou a que o design holandes sacralizasse palavras como o conceito. Se um trabalho tem conceito forte, entao 'e bom design. Como se esta nova "Kischtalhizassao (da arte conceptual)" fosse a salvassao do mundo. Como se uma coisa nao pudesse ser boa se nao se parecer com arte conceptual para massas.
Infelizmente, Chegou-se aqui a uma esp'ecie de comunicassao polida, envernizada e embalsamada. Pl'astico.
Quero dizer com isto que:
O problema do design portugues 'e s'o geogr'afico.
Pergunto:
Deveremos, n'os, the two portuguese, dar um golpe de estado matar a rainha (como fizemos a'i 'a cerca de um se'culo mas agora com uma faca de cozinha) e conquistar a holanda para que possamos todos migrar para o corassao? Ou deveremos encarar o design com uma actividade de luxo a que s'o um civilizassao que re'una um determinado grupo de condissoes pode aceder em pleno?
Abrasso

12:13 da manhã  
Blogger joao said...

Nota: encontro-me de momento numa visita de estudo a Bruxelas, e demorei cerca de 2 horas a chegar aqui de comboio.

12:15 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

entendo o design como uma área multidisciplinar, ou mesmo transdisciplinar. É assim que encaro o dia-a-dia e as estratégias relacionadas com a disciplina e a profissão — tanto técnica como ao nível da ideias. portanto a especialização para mim — sobretudo em portugal — não faz muito sentido. Mas entendo que para alguns seja necessária.
eu prefiro entender o design como espaço aberto, e isso nos dias de hoje tem pouco de geográfico, basta estar atento e saber mastigar.
estar no centro não me parece que seja uma vantagem mas ao mesmo tempo também não é desvantagem nenhuma.

ps: anonymous: contradição como? o que digo é que não é a "experimenta" de dois em dois anos que nos vai por todos a reflectir durante um mês e depois os restantes 23 ficamos para ai aos caídos à espera da próxima. é isso que não deve acontecer devemos multiplicar a "experimenta" 23 vezes, naturalmente, noutros formatos, revistas, lançamentos de livros, seminários, blogs, o que for. e depois acho que não é procurando uma causa para um problema que vamos ajudar a mudar alguma coisa, acho que, como disse, os contornos são multicausais, e sim, claro, as escolas e as faculdades tem culpa mas também o CPD ou o mercado ou eu e tu. somos culpados por contribuímos, ou melhor não contribuímos para a mudança mas para o establishment.

ps2: joão: pode ser com um cutelo?
é isso que eu acho que é preciso, acção.
e já agora de lisboa, ou do porto, para bruxelas também são só duas horas.

4:09 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

somos culpados por contribuímos, ou melhor não contribuímos para a mudança mas para o establishment.

Ora nem mais!

O que era produtivo, agora que já vi que estamos na mesma "onda", era iniciar uma discussão de como contribuir para esta mudança de forma mais eficaz (para além das discussões online).

6:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

João:

De Matosinhos a Sto. Ovídeo também demora duas horas... o que faz dos STCP o melhor promotor do Design do Norte! =D

6:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para começar, e seguindo alguma da terminologia que por aqui se pratica, sou um não designer.
Tenho seguido este blog praticamente desde que apareceu. Onde geralmente encontro algumas opiniões que vão de encontro com aquilo que eu penso, outras vezes fazem-me reflectir sobre assuntos que nunca me tinham passado pela cabeça. Considero mesmo que alguns dos textos que foram sendo publicados são de uma deliciosa lucidez, ás vezes tão deliciosos quanto corrosivos, também por isso nem sempre bem aceites por quem vai passando por aqui.
Este último post deixou-me um bocado confuso quanto às posições do editor (isso já lhe disse pessoalmente), por vezes não percebo se se refere ao que pensa ou aquilo que sabe que outros pensam, sobre certas matérias.
As questões que aqui vou deixar não são para me meter com ninguém nem para começar com uma nova intifada entre os visitantes, na verdade nem as considero assim tão relevantes, apenas gostava de ler algumas das vossas opiniões.
Não quero, no entanto, que fique no ar a ideia de que estou a tentar por em questão o ensino do “design gráfico”.

Quando alguém levanta a questão da legitimidade para exercer a prática do design, acho que deve saber explicar muito bem o que é afinal isso do “design”. E se isso do “design” implicar por exemplo a execução/produção/desenvolvimento (whatever) de objectos como: “cartazes”, “flyers”, “imagem corporativa”, “paginação de volumes” ou “anúncios para a montra do talho”, como é que se poderá legislar a legitimidade de poder exercer essas tarefas? Deverá existir legislação para a prática do “design”? Como será controlada? Os designers (de formação académica) que executaram trabalhos antes de concluírem o curso, cobraram menos pelo facto de não serem designers (com diploma)? Será o “design gráfico” uma actividade tão cientifica e complexa que mereça passar por algum tipo de controlo policial ou enquadramento legal? Quem poderá ser integrado numa suposta “Ordem”? (se formos pelas habilitações académicas, quantos designers geniais ficariam de fora?)

luis

11:25 da tarde  
Blogger Ressabiator said...

Este último post deixou-me um bocado confuso quanto às posições do editor (isso já lhe disse pessoalmente), por vezes não percebo se se refere ao que pensa ou aquilo que sabe que outros pensam, sobre certas matérias.

Tal como disse na introdução, este é um apanhado não exaustivo de maneiras de definir o design e várias contradições que essas definições podem acarretar. Uma boa maneira de sistematizar esta reflexão seria analisar os estatutos das ordens e associações de designers nacionais e internacionais e as maneiras como definem a prática do design. Nas revistas de design internacionais existe uma discussão recorrente em torno deste tema, geralmente defendendo – e atacando – a autoridade académica, a fluência técnica ou a especialização temática como critérios possíveis. Obviamente, a ideia de criar uma ordem dos designers nunca anda muito longe e também seria interessante saber quais os países que têm ordem e quais os que não têm. Curiosamente, nos Estados Unidos, onde até os cabeleireiros e as manicuras precisam de uma licença, qualquer pessoa pode exercer design (não sei se a situação mudou entretanto). As antologias Looking Closer, editadas por Steven Heller, recolhem boas reflexões sobre o assunto.

Quanto á afirmação de que na escola não se aprende nada, é bastante comum. Ouço-a frequentemente em conversas. Alguns dos meus primeiros patrões ( designers) faziam-na frequentemente. Já ouvi e li designers conhecidos – nacionais e internacionais – dizerem-no em entrevistas.

1:44 da manhã  
Blogger joao said...

Não há necessidade de legitimar um direito.
O que me faz pensar que quem acredita numa separação entre os que o podem praticar e os que não o podem aceder, não deve ser muito boa pessoa e muito menos (porque só depois) muito bom designer.

1:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro João da Concorrência a tua resposta era capaz de enfurecer muitos designers que conheço. A forma como remataste a questão é na minha opinião o principal motivo pelo qual alguns designers sentem a necessidade dessa legitimização, mas tb posso estar completamente enganado.

luis

4:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Acho que a questão que o luis levantou é daquelas que a resposta é nem sim nem sopas por enquanto.
Há muitas razões para institucionalizar o design enquanto profissão, mas isso faz parte de um processo, e esse precisa de suporte social - uma maior percepção dos indivíduos sobre os objectos e a comunicação -, necessita de se “impor” socialmente, de ser reconhecido. Isto quer dizer que do nada fazer uma “ordem” - ou outro tipo de associativismo que tenha como objectivo “lobbylizar” o design - não resolve os problemas da relação do designer, e do design, com a realidade.
O design vive de uma relação informal com a sociedade, com a arte, a ciência ou o jornalismo, e isso não é mau de todo depende de como é encarado o dia-a-dia e da interacção entre “nós” e os “outros”.
Ou seja para mim a questão não é o design explicar exactamente o que é, mas sim o reconhecimento que o social tem dele, se ele é importante ou não, e os benefícios que acresce ao todo ou às partes.

Academicamente a questão não se coloca somente ao nível dos cursos de design. Temos de ter em conta que muita gente que sai das faculdades, universidades e institutos superiores mais cedo ou mais tarde se vão confrontar com problemas da comunicação e do desenho da mesma, e a cultura visual que dispõem é pobre. Não foram assistidos durante a sua formação com estas problemáticas.
Quero dizer que faz sentido alargar o ensino do design a áreas como a gestão, as finanças ou o marketing (reparando na quantidade e qualidade dos “marketers” que apanho pela frente, que teoricamente tem cadeiras sobre design).
É para mim, sobretudo, um problema de cultura visual.
Ao mesmo tempo também temos de reconhecer que dava jeito, nos cursos de design, falar-se mais sobre ciências sociais.


Ps: joão eu conheço vários designers bons que são autênticas bestas-quadradas e isso não os diminui em nada profissionalmente, tu próprio, aqui, tens posturas muito exageradas e ninguém pode por em causa a tua qualidade profissional ou académica por isso.

12:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"É para mim, sobretudo, um problema de cultura visual."

ok, tb acho que a discussão deve começar por aí. E a forma para atacar esse "problema" provavelmente deve começar logo no ensino básico e não ficar à espera do superior. No entanto, é tudo extremamente complexo e a sua resolução ou discussão pode tranformar-se numa espécie de pescadinha-de-rabo-na-boca.

luis

3:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

como tudo na vida...
eu confio na reflexão como forma de induzir a acção individual e, consequentemente, colectiva, e vou fazendo a minha parte dentro dos círculos e redes que vou encontrado.

4:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para mim esta discussão abarca dois temas sobre os quais gostaria de divagar um pouco. Por um lado fala-se de crítica do Design , por outro tenta-se definir isto do Design enquanto actividade profissional .

Parece que isto da crítica atinge mais pessoas do que inicialmente pensava. Designer X também aborda este assunto de forma bastante clara e expõe uma opinião (que me parece) bastante honesta.

O teórico do design observa, comenta, indaga, problematiza, mas no limite do seu esforço não resolve nenhum problema [...] O designer comum, compromete-se com o projecto na totalidade do seu tempo, pensa, pesquisa, esboça, resolve, mas escapa-lhe o controle do que se passa [...] «não creio que seja um crítico de design, mas sim um designer crítico.»

Designer X demarca bem as dicotomia presente entre as duas facções desta actividade assim como a sua incerteza como se há de classificar Como Crítico? Como Designer?. Como vêm os últimos comments confirmar, é preciso definir isto do Design. Quando falo do Design não estou a falar do desígnio ou do grande engenho... Falo simplesmente da actividade do Design Gráfico. Para esclarecer melhor, o Design Gráfico (aquela que considero a minha formação académica) engloba as área de Identidade Visual e Editorial (Print e Web). Estas assentam sobre a Tipografia (Macro e Micro). Deixo de fora o Marketing, o Audiovisual o Produto, os interiores e as "cenas" em geral... Pois muito bem. Se eu me defino assim tão bem, quer dizer que posso definir áreas da crítica e/ou da acção. (Da mesma forma o podemos fazer para as outras áreas do Design)

Ressabiator:
Para mim as figuras são estáveis e centrais.

Obviamente que as áreas cruzam-se e devem continuar a cruzar-se, mas alguém que exerce crítica deve apresentar um corpo de conhecimentos e de publicações na área específica que o legitimem. Assim como o profissional. Se um tipo faz design e cenas... então é um designer cenógrafo! Não é um Designer Gráfico. O mesmo para as outras áreas do Design. Devemos apontar para a especialização, aumentar e profissionalizar cada vez mais as respectivas áreas.

Quando surgir a verdadeira hipótese para todo um conjunto de bons profissionais tomar a direcção de uma actividade, que se quer ampla e unida, no mercado e no ensino, na prática e na teoria. Será um processo longo e demorado, não só pelas características periféricas que temos como pelo traço comum que parece reunir quem impede esta natural e saudável alteração.
Até lá estaremos atentos.


Pois eu acho que estamos atentos. Quanto a esperar... é melhor sentares-te. Pelo andar da carruagem a exercer Design Gráfico ou a Crítica do Design vai ser cada vez mais difícil e concorrida (por maus profissionais). Como Glaucon disse, eu ando a fazer (o pouco) que posso dentro dos meus círculos sociais.

Será o “design gráfico” uma actividade tão cientifica e complexa que mereça passar por algum tipo de controlo policial ou enquadramento legal?

Merecer... não sei, mas pelo que se aí, devia. A começar pelas instituições (mais ou menos públicas) a recrutarem trabalho a firmas estrangeiras...

Deverá existir legislação para a prática do “design”?
Quem poderá ser integrado numa suposta “Ordem”?


Eu sou a favor da criação de uma Ordem Profissional do Design. Assim como me "categorizo" profissionalmente, acredito que é fácil criar essas mesmas categorias dentro de uma ordem. No entanto percebo a dificuldade. Estamos envolvidos numa área profissional relativamente recente em Portugal e que os próprio profissionais não chegam a um concenso quanto à denominação - Designers gráficos, comunicadores, Designers de comunicação, artistas, músicos...
Acredito que a resposta a isto está nas Faculdades. Estas devem unir-se e tomar uma posição agressiva em relação ao mercado e à crítica. Estabelecer parametros de qualidade e objectivos a atingir tais como a colocação profissional dos alunos, a publicação assidua oficial e realização de "feiras" regulares de modo a sincronizar opiniões e direcções.

Se formos pelas habilitações académicas, quantos designers geniais ficariam de fora?

E quantos anormais serão filtrados? Eu cá conheço uns quantos! A questão que se põem não é a de excluir mas a de promover critérios de qualidade. A "Ordem" seria assim como que uma norma ISO 9001 do Design. lembra-te que habilitações académicas não são exclusivamente "o canudo". Há conferências, trabalhos, publicações... blogs! É preciso ser dedicado e interessado em investigar, promover.

Ressabiator:
Na escola aprende-se... menos do que se devia! Cursos com 5 anos?... é bom que as pessoas tenham uma cultura visual muito boa! (e não têm - eu incluído) As escolas têm que reformular os currículos em função do presente e não de há 20 anos. O Design evoluiu.

João da Concorrência:
??? Continua a fazer cenas...



Untitled-1.txt

11:21 da tarde  
Blogger joao said...

É um ponto de vista interessante...
Além de cultura visual, faltam muitas outras coisas ao público, entre as quais, dinheiro para alimentar barrondos designers e artistas.

E o que é esta treta?:
Para mim as figuras são estáveis e centrais.
Obviamente que as áreas cruzam-se e devem continuar a cruzar-se, mas alguém que exerce crítica deve apresentar um corpo de conhecimentos e de publicações na área específica que o legitimem. Assim como o profissional. Se um tipo faz design e cenas... então é um designer cenógrafo! Não é um Designer Gráfico.

Vá lá escolher papeís, comprar "fonts" e ver se os fotolitos estão alinhados que a sua zona de acção é na cave ao pé das impressoras de Offset e de um belo G5 com colunas fraquinhas.

Cena 3
Ser designer é como ser bombeiro, mas com um diferente grau de responsabilidade. Qualquer um que tenha a casa em chamas pode e deve apagar o fogo. Há quem ganhe gosto por isso e se voluntarie a ser acordado durante a madrugada para ir fazer o rescaldo ou combater um grande fogo. Os bons ficam sapadores e fazem disso a vida. Depois há sempre aqueles que sabem muito sobre fogos e dominam os comportamentos da atmosfera, tiram a "carta de helicóptero" e vão intervalando as enxurradas de água com grandes baldadas de gasolina. Neste cenário, os teóricos são as sirenes.
Senhores como o untitled, se se põem a "pau", são mais lenha para a festa. A resma de Navigator desce de preço e ao fim e ao cabo isso também pode ser bom. Já me custa a compreeder a ordem dos arquitectos, com estágio para a ordem e tal... atão a dos designers, arrepio-me entre sorrisos só de pensar em tão regressiva cogeminação.

2:32 da tarde  
Blogger joao said...

I Showoff of others Showoff. That's the russian word for: apaga este parágrafo.

"O modo operativo do design - a prática -, dentro da lógica do mercado, ganha preponderância na relação com a teoria por razões identificáveis. Sobretudo pela questão da aplicação que do design é feita no dia-a-dia e por simplesmente ser um negócio com tudo o que de bom e mau daí possa advir."

O pictograma do WC foi comprado e isso nem é bom nem é mau?
; )

3:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

eu cá já desconfiava que este joão, para além de mal educado, também era apanhadinho da cabeça, mas eis que nem foi preciso dizer nada.
Ele denuncia-se a si mesmo.
Sempre que aqui vem alguém para falar a sério, há-de este personagem impregnar os comentários com uma esquizofrenia desmedida, muito própria de quem vive no seu "petit monde".
Vou fazer de ti: "Vai passear ó palerma! Vai arejar carago! E deixa a malta que sabe do que fala, discutir em paz!!!"
Retomamos a discussão dentro de momentos.

The Ressabiator

3:55 da tarde  
Blogger Ressabiator said...

Interrompo a discussão só para pedir para manterem a conversa num nível calmo (estava a correr bastante bem). chamo também atenção para um texto do luis inácio que pode ser pertinente.

A variedade de pontos de vista expressos nestes comments ilustra bem que a maneira como os designers se definem a si mesmos é bastante "instável" – ou pelo menos variada.

Há cerca de trinta cursos de design (gráfico e não só) em Portugal. Estes cursos praticamente não comunicam entre si. É de esperar, portanto, que haja bastante diversidade de opiniões a nível académico sobre o que é um designer gráfico, mesmo sem ter em conta opiniões internacionais ou históricas. Mesmo em Portugal, o conceito de designer gráfico mudou subtilmente em muito pouco tempo. Por exemplo: nos ateliers de design, há cerca de dez anos, chamava-se "programador" àquela pessoa especialista em Photoshop, Quarkxpress e eventualmente, HTML. Actualmente é costume chamar-lhes "designers".

The Ressabiator (o verdadeiro:)

6:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

sabia que a certa altura ia descambar mas gostei de algumas observações nas diferentes posições. eu continuo com muitas dúvidas ... o que me parece mais preocupante não é o facto da ligitimização para fazer o quê nem sequer os titulos ou rotulações das coisas. existirão sempre os mais libertários e com urgência pelo experimentalismo, pela multidisciplinaridade e partilha entre conhecimentos (and so on and so on), bem como os mais objectivos a favor da especialização e especificação ou separação das águas (como queiram) ... o que me parece preocupante (agora sim) é não haver uma protecção em relação a quem trabalha/pratica o design, o desenho ou a comunicação visual ou o que lhe queiram chamar.
quantos de vocês assinam contratos quando vos pedem um cartaz, uma página web, uma brochura promocional? o que fazem quando não assinam contrato, depois de o produto final estar executado e na mão de quem encomendou e se recusa a pagar? quem vos protege quando um dos vossos desenhos é copiado ou ligeiramente alterado e depois explorado comercialmente?

tb não acho que uma ordem resolva o assunto ou um sindicato, porque tb muitos de vocês preferem trabalhar sem passar recibos porque é realmente lixada a quantidade de dinheiro que nos pedem ao fim do mês na segurança social. aqui o problema da cultura visual fica desiquilibrado em relação à cultura social, à ética e então se calhar a resposta é mesmo sopas (e aí fico muitas vezes indeciso em relação ao creme de cenoura ou a uma boa jardineira). quanto a contratarem pessoal não português, sinceramente, gostava mt de trabalhar com o rudy vanderlans se pudesse fazê-lo por oposição ao cayatte (por exemplo).

mesmo com todas as divergências continuamos a vir aqui, por vezes há agressões mas no final ninguém liga para o 112.

joão: às vezes és impulsivo demais (isso não é mau), às vezes nem compreendo o que dizes (tb não acho mt mau), nestas discussões foste buscar anologias que achei mesmo muito boas (aqui se calhar alguém vai achar q tb não sou bom da cabeça, mas não quero saber).

untitled-1.txt: anormais e geniais há em todo o lado (não depende da formação académica, essa tb se pode comprar), p.f. não consideres isto como um ataque pessoal, são só desabafos e ainda bem que nem toda a gente pensa da mesma maneira.

luis

11:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O que me parece preocupante (agora sim) é não haver uma protecção em relação a quem trabalha/pratica o design [...]
Quantos de vocês assinam contratos quando vos pedem um cartaz, uma página web, uma brochura promocional? [...] quem vos protege quando um dos vossos desenhos é copiado ou ligeiramente alterado e depois explorado comercialmente?


Ora aqui está. Ponto número um. De alguma forma organizados numa associação/ordem a denúncia de irregularidades é mais fácil. Assim como a standardização de contratos e orçamentos. Assim não "somos comidos por lorpas!"

Trabalhar sem passar recibos é pró brasileiro do CorelDraw... eu cá sou "outro artista plástico" com os impostos em dia e com muito orgulho. Tenho vergonha de quem não cumpre a lei, ou "faz o jeito" e ajuda Portugal a não sair da pocilga.

Depois deste à parte gostava só de lembrar que não é só a nós que uma ordem ou organização protege. Além de normalizar a conduta profissional para o recém-formado assim como para o profissional treinado... acredita quem lucra mais? O "cliente"! Recorrer aos profissionais da assiciação/ordem é recorrer a alguém que não emprega escravos, que não come a cabeça ao cliente, que não rouba na gráfica, que cumpre prazos... ou seja alguém que cumpre critérios de qualidade (é assustadora a semelhança à norma ISO 9001...) Isto é, idealmente numa situação em que a ordem/associação consguiria validar estes parametros de forma isenta, claro! Afinal anormais e geniais há em todo o lado (não depende da formação académica, essa tb se pode comprar) Só ainda não se compra educação e ética pessoais. Será que
esta discussão vai cair aqui? eu acho que ainda a conseguimos salvar!

Luís:
Não os encaro como ataques pessoais e até estou a gostar bastante desta discussão. Gostava de ver aqui propostas para a continuar... abrir um fórum na web dedicado ao tema? será que temos audiência para isso? sugestões?

PS: Era fixe imaginar uma ordem onde também incentivasse os seus membros a manter algum tipo de investigação/publicação corrente... podemos sonhar...

12:54 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Mais ainda... Se estamos a discutir quem deve ou quem não deve exercer Design, estamos quase a discutir quem deve e quem não deve ensinar Design.

Speak Up

1:20 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Speak Up
http://www.underconsideration.com/speakup/archives/002469.html

1:22 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

duas achegas.
http://whatisdesign.blogspot.com/2005/11/o-design-grfico-um-metalinguagem-que.html

http://whatisdesign.blogspot.com/2005/09/qualquer-objecto-pode-ser-uma-obra-de.html

12:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sempre concordei com o luis em relação a este assunto.
Arrepia-me a visão de um mundo desenhado só pelos designers, todos influenciados por outros designers e seguidistas em relação aos seus professores (uma turma de estudantes de design pode ser um conjunto de pequenos nazis a seguirem o seu deus).
Consigo divertir-me com o que vejo nas ruas, nas lojas, em fanzines, e que tendemos a considerar como "mau design". divirto-me com folhas A4 ocupadas com textos em times bold 18 cheias de rios de cima abaixo. divirto-me quando tenho na caixa do correio o cartão do picheleiro.
Não me divirto quando vejo mau design feito por designers, quando vejo o logo novo da TMN pago a peso de ouro espalhado por todo o lado, nem quando vejo que o do continente passou de neutro a muito desinteressante, nem quando um professor universitário me diz que se o conseguir enganar tenho boa nota porque no futuro tenho que saber enganar os clientes.
Respeito a minha profissão mas, gostemos ou não, não temos a vida de ninguém nas mãos.

Está a decorrer uma discussão interessante sobre os direitos dos designers de tipos no blog do Mário Feliciano:
http://www.felicianotypefoundry.com/blog/

Diogo

8:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E o cliente?

Confesso que no ini'cio da minha actividade como designer me senti bastante atrai'do pela ideia de uma ordem que promovesse legislassao, formassao e que de alguma forma me protegesse da Planeta Agostini, dos arquitectos, engenheiros, programadores, jeitosos, e companhia. Esta convicssao levou-me a participar activamente na Ordem Visual - associassao de designers em ruptura com a passividade da APD. Por variadas razoes - "quem" tornou-se mais importante do que "o que/\" - a OV desapareceu (provavelmente era tempo de se reflectir sobre este fenomeno). No entanto, e passados alguns anos de pra'tica, cheguei 'a conclusao que preferia uma Ordem dos Clientes.

Apesar de me considerar um optimista, e acreditar que existe sempre a possibilidade de se realizar um bom trabalho, a verdade e' que todos os trabalhos que sei terem sido bem resolvidos, foram-no devido 'a qualidade do cliente.
A qualidade de um cliente nao esta' na sua conta banca'ria, na sua formassao acade'mica, na sua boa disposissao. Esta' na capacidade de perceber as suas limitassoes, as suas fraquezas.
E' claro que ajuda se aliado a essa capacidade se juntar um programa/objectivo bem definido.

Isto leva-me a considerar que seria muito u'til nao reduzir o ambito da actividade cri'tica 'a an'alise do designer ou do atelier, mas alarga'-la ao cliente.

Desconfio do "design de autor" - em que o nome do designer se sobrepoe 'a qualidade da solussao - mas percebo que existe espaço para este tipo de abordagem. Sei que esta minha opiniao deriva fortemente da reacssao ao enfase dado na FBAUP 'a ilustrassao e 'a redussao do Design de Comunicassao a uma mera disciplina de exercicio de estilo.
Sempre considerei mais importante encontrar a "voz do cliente" do que tentar "gritar" a sua mensagem. Nada de novo, mas e' sempre bom relembrar.

Podemos reflectir no exemplo Casa da Mu'sica: para o projecto de arquitectura foi seleccionada uma proposta extraordina'ria (para o bem e para o mal) e para o projecto gra'fico foi seleccionada uma proposta prima'ria, constrangedora mesmo. Dois clientes completamente diferentes: para o primeiro, esteve na origem do concurso Pedro Burmester, para o segundo Couto dos Santos (segundo palavras do próprio, o ju'ri foi constitui'do pelos funciona'rios da Casa da Mu'sica). Ora, quando um cliente desta dimensao se julga capaz de avaliar um projecto de design com base no gosto nao existe teoria/escola/cri'tica/experimenta/ordem que aguente.

Edgar

3:35 da manhã  
Blogger theSIGNer said...

Toda esta conversa fez-me pensar que sabia mesmo muito pouco sobre o papel de uma Ordem de Design Portuguesa.

Também não fazia ideia do estado das coisas no design gráfico. Sei que há muitos "jeitosos" que fazem o trabalho de designers, mas não imaginava que as coisas andassem tão mal.

É certo e sabido que os designers não se entendem.
Mas porquê?
Estamos todos à espera que venha alguém e que nos junte ou que sejamos obrigados por lei a fazê-lo?!?

Se há tanto "jeitoso" (que não tem formação) a fazer o nosso trabalho isto deve-se ao quê? Será apenas porque não cobram tanto? Porque obedecem sem questionar o cliente?

De que é que estamos à espera?

__________________________________

Sou licenciado (recém) em Design e escolhi a vertente Industrial (ou de produto) mas não vejo grandes oportunidades de encontrar trabalho.
Vejo-me agora com o desafio de optar pelas outras hipóteses, mas apenas o visual está ao meu alcance.

Serei mais um "jeitoso"? Serei visto como mais um "imigrante" que não tem direito a pertencer?
(não precisam responder...)


É mais que necesária uma ordem. Uma associação com "iniciativas decentes".
Se não houver um espaço único onde nos possamos unir e organizar, vamos dispersar e misturar-nos na "maralha" de jeitosos e desempregados...


Falo sem ainda conhecer "o meio" de trabalho do Design em Portugal.
Apenas sei (pelo que todos vocês dizem) que o panorama é negro...

Será mesmo assim?

Mário Preto Fonseca
www.dasigner.blogspot.com

1:23 da tarde  

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