“Faz o que o teu coração te mandar”
Há pessoas que acham que só vale a pena falar do que corre bem (deve ser por isso que não se fala do design gráfico em Portugal). Dois anos atrás participei numa conferência sobre Design e Ética que, de acordo com a anterior afirmação, não valia a pena falar de todo.
No começo da conferência, alguém perguntou se estávamos a falar de ética-tipo-vegetariano ou ética-tipo-deontologia. Um dos professores universitários que serviam de moderadores disse (e passo a citar) “que isso era discutir o sexo dos anjos” e que “o pediatra lhe tinha dado um conselho valioso: ‘você pensa que é inexperiente, mas siga o que o seu coração lhe mandar e vai correr tudo bem’”. Logo a seguir, disse que não valia a pena discutir a ética de forma geral, porque cada caso é um caso.
Pouco depois, outro professor (dono de um atelier de design) disse que na questão da ética as coisas eram muito simples: ele punha um papelito em cima da mesa com as regras e o cliente assinava ou não. A plateia aprovou com acenos de cabeça e murmúrios de “é claro que sim”. O caldo só entornou quando alguém se lembrou de perguntar o que estava escrito no papelito. “Ah…Hu…Cada caso é um caso…Depende…” Resumindo: noves-fora-nada.
Mais uma vez um debate potencialmente interessante sobre um dos temas quentes da cultura actual terminou numa manifestação pública de ignorância orgulhosa e porreirismo ideológico.
No começo da conferência, alguém perguntou se estávamos a falar de ética-tipo-vegetariano ou ética-tipo-deontologia. Um dos professores universitários que serviam de moderadores disse (e passo a citar) “que isso era discutir o sexo dos anjos” e que “o pediatra lhe tinha dado um conselho valioso: ‘você pensa que é inexperiente, mas siga o que o seu coração lhe mandar e vai correr tudo bem’”. Logo a seguir, disse que não valia a pena discutir a ética de forma geral, porque cada caso é um caso.
Pouco depois, outro professor (dono de um atelier de design) disse que na questão da ética as coisas eram muito simples: ele punha um papelito em cima da mesa com as regras e o cliente assinava ou não. A plateia aprovou com acenos de cabeça e murmúrios de “é claro que sim”. O caldo só entornou quando alguém se lembrou de perguntar o que estava escrito no papelito. “Ah…Hu…Cada caso é um caso…Depende…” Resumindo: noves-fora-nada.
Mais uma vez um debate potencialmente interessante sobre um dos temas quentes da cultura actual terminou numa manifestação pública de ignorância orgulhosa e porreirismo ideológico.
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